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2022/10/21

Pobreza em Lisboa. "Diariamente surgem pessoas novas na rua"

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A inflação aperta e há mais famílias, idosos a fazer pedidos de ajuda alimentar, há até motoristas de plataformas, nas filas de espera por uma refeição. Um retrato atual e triste dos efeitos desta crise. O aumento generalizado do preço dos alimentos, a par do gás e da eletricidade, está a ter impacto nas instituições sociais, que fazem mais pedidos ao Banco Alimentar para conseguirem apoiar o número crescente de famílias que pedem ajuda. O fenómeno, apesar de ainda não estar quantificado, já é sentido no Banco Alimentar Contra a Fome (BA) desde há algum tempo, com um aumento de pedidos por parte das instituições, não só porque têm mais famílias a pedir-lhes ajuda, como as próprias instituições precisam de mais dinheiro para fazer face ao custo dos consumos das suas próprias cozinhas. A ‘Ajuda de Mãe’ é uma das instituições que recebe bens alimentares através do Banco Alimentar, que usa, não só para a confeção de refeições nas três residências, onde acolhem grávidas adultas e adolescentes ou mães adolescentes com os seus bebés, mas também para a entrega de cabazes com alimentos e confeção de refeições no refeitório. A presidente desta associação de solidariedade social contou que em 2021 prestaram apoio a 1.200 famílias de mães grávidas com bens de primeira necessidade, além do apoio social e psicológico. Madalena Teixeira Duarte adiantou que a Segurança Social atualizou em 2022, e desde janeiro, o valor das comparticipações pagas às instituições e que o reforço da verba paga para os acolhimentos residenciais também foi superior ao habitual “para fazer face ao aumento do custo de vida”, mas garante que “não é suficiente”. Por outro lado, apontou que a ‘Ajuda de Mãe’ está a apoiar mais famílias – em 2021 ajudou cerca de 700 – com a entrega de produtos de higiene ou fraldas porque também estes bens ficaram mais caros e, por isso, difíceis de adquirir por estas pessoas. Segundo a presidente da ‘Ajuda de Mãe’, a instituição recebe do Banco Alimentar produtos bens como arroz, massa ou enlatados, com os quais ajuda cerca de 60 famílias e fornece as residências, enquanto de outros parceiros vêm as fraldas ou os produtos de higiene. Uma grande superfície doava o peixe, mas outro tipo de alimentos, como carne, fruta, legumes ou ovos é a própria instituição que tem de comprar. A responsável alertou que “isto são tudo dificuldades que as instituições enfrentam”, não só no que compram no dia-a-dia, mas também com o aumento do preço do gás ou da eletricidade, mas também porque lhes “restringe esta capacidade de angariação de fundos que depois iria contribuir para o apoio efetivo” de famílias. Segundo a presidente da ‘Ajuda de Mãe’, o aumento do custo de vida vai obrigar a instituição a repensar gastos e se calhar a abdicar de alguns projetos, já que aliado ao aumento dos preços estará o aumento do salário mínimo nacional em 2023. Madalena Teixeira Duarte receia que o futuro vá “ser um tempo difícil”, com cada vez mais pessoas a pedir ajuda junto das instituições, uma realidade que a presidente do Banco Alimentar constata diariamente, quando abre os mails que chegam à sua caixa de correio eletrónico. Para a presidente do BA, é, por isso, “muito previsível que vá aumentar o número de pessoas que vão ficar numa situação muito difícil e em pobreza”, tendo em conta o aumento dos preços dos alimentos, da energia e das taxas de juro em simultâneo. São retratos, mais do que números, do impacto da inflação que assola o país (que atingiu os 9,3% em setembro, a taxa mais alta dos últimos 30 anos, diz o INE) e que já está a engrossar as filas “Não são mais pessoas em situação sem-abrigo que temos à porta das nossas carrinhas, são pessoas que, infelizmente, podem vir a ser sem-abrigo dentro de meses muitas em quartos sem acesso para cozinhar”, diz Nuno Jardim, no papel de diretor-geral da Associação CASA, explicando o tipo de pobreza que se está a sentir. “A inflação já se sente na rua. Há mais imigrantes, muitos mais imigrantes. Mas também idosos com casa, mas sem rendimentos suficientes.”  

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