Com mais espaço verde, menos carros e mais zonas de lazer, para devolver o Porto de Lisboa à cidade, que em tempos foi de acesso restrito.
Rui Alexandre, arquiteto do Porto de Lisboa, desenrola um canudo de papel sobre a secretária do seu escritório no Edifício Infante D. Henrique, que pertence à Administração do Porto de Lisboa.
O desenho da realidade que se vê, o espaço adjacente à doca de Alcântara, com o Tejo a iluminar a paisagem, seguindo por aí em diante até ao
LACS, um espaço colaborativo na Rocha do Conde de Óbidos.
O arquiteto diz que o projeto não é um desenho para o presente. É, sim, um desenho do futuro. Veem-se arbustos, relvados, um
skatepark, pavilhões e mercados em zonas onde já se pedala, mas onde ainda dominam os carros.
O Tejo, a chave-secreta de Olisipo, Ash-Bonnah e finalmente dessa Lisboa reconquistada em 1147 pelas forças de D. Afonso Henriques, que se tornou rota marítima internacional e até mesmo detentora do monopólio do comércio das especiarias, do algodão, dos chás.
Mas hoje o Tejo já não é palco de frotas destemidas e de conquistas gloriosas como foi em tempos, nem o era quando Rui Alexandre aqui chegou.
O ano era de 1991 e, nessa altura, a vista da janela do seu escritório também não seria a dos dias que correm: por ali, erguiam-se armazéns.
O Tejo ainda vai ser o que os jornais dos tempos dos reis exaltavam, como o fazia João Zorro no século XIII, citado no livro 100 anos do Porto de Lisboa.