As Marchas Populares de Lisboa estão em vias de integrar a Lista do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. A candidatura é promovida pela Associação das Coletividades do Concelho de Lisboa (ACCL), com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa (CML).
As Marchas de Lisboa "representam muito da nossa alma e da história da cidade”, salienta o presidente da CML. Todos os anos, lembra Carlos Moedas, milhares de pessoas assistem “a este desfile único de orgulho e identidades dos nossos bairros e freguesias e que representam um momento único" das Festas de Lisboa. São nove décadas de uma tradição, acrescenta, que devemos "defender, manter e dar o merecido e justo reconhecimento”.
“É uma honra termos tido um papel ativo na promoção desta iniciativa. A cidade, as suas tradições, e também o movimento associativo, merecem toda esta dedicação, que esperamos ver oficialmente reconhecida”, afirma o presidente da ACCL, Pedro Calado.
“Estamos empenhados em salvaguardar e valorizar o património cultural da cidade na sua diversidade tão rica. Não fazemos discriminação entre alta e baixa cultura, entre património cultural de primeira e de segunda”, sublinha, por sua vez, o vereador da Cultura, Diogo Moura.
A candidatura implicou uma pesquisa científica de dois anos, liderada pela antropóloga Marina Pignatelli, da Universidade de Lisboa, que incluiu dezenas de entrevistas, observações nas coletividades e recolha de centenas de documentos escritos, fotográficos e audiovisuais. A inclusão das Marchas de Lisboa na Lista do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reconhecerá a sua importância histórica e cultural, mas também contribuirá para a preservação e promoção desta tradição única que enriquece o património cultural português.
As Marchas Populares de Lisboa são reconhecidas como uma celebração festiva e bairrista com uma importância extraordinária, caracterizadas pela dança em desfile, acompanhada de música, poesia e canto. Os representantes dos bairros participantes, num total de 68 pessoas por bairro, incluem 50 marchantes, porta-estandarte, oito músicos (conhecidos como "Cavalinho"), o par de padrinhos e mascotes, cinco aguadeiros, além do ensaiador e do organizador da marcha de cada coletividade.
Esta tradição remonta à alta Idade Média, tendo evoluído a partir dos arraiais juninos tradicionais, até se estruturar como é conhecida hoje. A criatividade inovadora, a exuberância e a alegria presentes nas Marchas Populares de Lisboa representam um traço profundamente marcante da cultura popular da cidade.