Lisboa em risco de inundações com Marés de Tempestade mais frequentes
LISBOA
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Os riscos de inundações em Lisboa são elevados e vão agravar-se ao longo do século.
É o que indicam todos os dados e estudos realizados sobre as alterações climáticas da cidade – e o que querem prevenir todos os planos de combate a elas, nomeadamente a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de Lisboa.
Foi o que disse em cima dos acontecimentos desta semana Carlos Moedas, o presidente da Câmara: “As mudanças climáticas existem, estão para ficar e Lisboa teve três fenómenos desta dimensão desde outubro.” Moedas referiu mais uma vez a urgência de “lutar para mudar esta situação” e a aprovação na Assembleia Municipal do orçamento “que vai permitir fazer os grandes túneis de drenagem.”
A verdade é que a Estratégia da CML de Adaptação às Alterações Climáticas foi apresentada em 2017 – há cinco anos – e já apontava para “um aumento da frequência de eventos de precipitação intensa ou muito intensa, acompanhada de ventos fortes com rajadas” – o que, a par da seca e do calor excessivo representa aquilo com que de mais certo a cidade pode contar.
Esta semana, terá sido, infelizmente, só um exemplo.
Ao fim da tarde e noite do dia 7 de dezembro caíram, em poucas horas, 87 mm de precipitação, ou seja, mais de metade da média do que chove normalmente em todo o mês de dezembro em Lisboa, na ordem dos 126,2 mm – na mesma altura da chamada preia-mar, ou seja, maré-cheia.
Foi o que bastou para que a cidade ficasse alagada, sobretudo as zonas mais baixas – assim como os concelhos de Oeiras, Sintra, Cascais, Loures e Odivelas.
Terá acontecido um fenómeno de Storm Surge – Maré de Tempestade – algo a que se assiste quando o nível das águas do Tejo sobe por efeito da maré e isso se associa a um temporal.
E algo que em Lisboa, tem “especial acuidade, atendendo às características geomorfológicas da cidade – frente ribeirinha estreita delimitada em toda a sua extensão pelo sistema de colinas que definem uma série de bacias de drenagem a confluir para o estuário”, como explica o documento da Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas.
E alerta: tendo em conta que todos os cenários climáticos para o século XXI “projetam o agravamento da subida do nível médio do mar, este fenómeno poderá ter no futuro impactos agravados – galgamento de costa, inundações, afetação na mobilidade, estacionamento, efeitos em estruturas e infraestruturas”.
O Plano da CML dizia que era importante “monitorizar os níveis da maré (hora e altura) em toda a frente ribeirinha para redefinição da cota de efeito de maré – também associada a episódios de precipitação intensa – a fim de dimensionar opções de prevenção e adaptação”. Esta semana foi levantado o aviso laranja, e um pedido para que “não se saísse de casa”.
Mas as medidas que terão de ser implementadas têm a ver com questões de infraestrutura – o que já foi feito no Plano para o Parque das Nações e mais recentemente, o Plano Pormenor da Boavista Poente.
Para o resto da semana, o IPMA mantém os avisos, e diz que os valores serão significativos e “poderão atingir localmente entre 60 e 120 mm”. Os danos, esses serão avaliados a posteriori, mas houve uma morte, de uma mulher que ficou presa numa cave, em Algés. Foram resgatadas 14 pessoas em Lisboa.
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