Este o cenário do Largo do Rato: carros, autocarros, elétrico, bicicletas, trotinetes, peões, buzinadelas, filas de trânsito, muito barulho e poluição. Quem passa por ali, vai com pressa. E não fica no Rato que é apenas um local de passagem e não é seguro para quem não anda de carro.
Ainda recentemente, Carlos Moedas afirmou que não costuma ir de bicicleta de casa (na zona das Amoreiras) para a Câmara porque tem de passar pelo Largo Rato. “O Largo do Rato, infelizmente, não está preparado como devia para os ciclistas”, disse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Mas não é só para quem usa a bicicleta que o Rato é um lugar hostil. Para quem anda a pé também é perigoso: demasiado trânsito e velocidade excessiva dos carros e pouco tempo para atravessar os vários semáforos, para além do declive e da largura dos passeios.
Os peões atravessam as passadeiras a correr, com medo, quer o semáforo (há 37 semáforos, 19 dos quais para os peões) esteja verde ou vermelho, com medo dos carros. Os vários atravessamentos tornam as deslocações no próprio Largo demoradas.
Para ir da Rua das Amoreiras até à Rua da Escola Politécnica, de uma ponta para a outra do Largo, é preciso fazer vários atravessamentos. As bicicletas e as trotinetas não têm espaço no Rato. À falta de ciclovias, as que por ali passam, tentam furar o trânsito. A tudo isto acrescenta-se o ruído intenso que torna este lugar da cidade muito desagradável. Aliás, é difícil manter uma conversa sem interrupções nas esplanadas do Rato devido ao barulho dos autocarros, elétricos ou carros.
Já foram feitos vários planos para requalificar a composição atual do Rato, mas até hoje tem-se mantido igual. Aliás, em 2014, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou o programa
“Uma Praça em cada Bairro – intervenções em espaço público” e o Largo do Rato estava incluído no programa, mas nada foi feito. Este plano de requalificação estava previsto acontecer até 2021.
O
plano previa, entre outras questões, o alargamento da zona pedonal, novos percursos pedonais, a introdução da mobilidade suave, a reposição da carreira de elétrico n.º 24 (já reposta em 2018) e a possibilidade de uma rotunda.
A CML diz ainda que a intervenção no Largo do Rato é “uma das prioridades do atual executivo, e como tal, continua prevista a intervenção, fora do âmbito do Programa “Uma Praça em Cada Bairro”. Apesar de estarem obras previstas, “não existe ainda data para o início de obra”.
Rita Castel’ Branco, arquiteta, urbanista e especialista em mobilidade urbana, afirma que à data do plano de 2014, “a filosofia era outra, reordenava-se o tráfego sem o diminuir e a bicicleta ainda nao era vista como um modo essencial”.