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2022/11/11

Após quase fechar as portas, a histórica Livraria Barata celebra com novas parcerias

CONCELHO Noticias em Destaque

Fundada em 1957, a Barata foi ponto de resistência contra a ditadura e soube resistir também a crises e à pandemia. Parcerias e atividades culturais dão novo gás à livraria, que retoma sua vocação de polo cultural em Lisboa. A Barata - Tabacaria, Papelaria, Livraria abriu as suas portas na avenida de Roma em 1957. Durante os anos 60 foi uma das mais emblemáticas livrarias de Lisboa, sobretudo no período do Estado Novo e da censura. Medalha de Ouro de Mérito Municipal. Em 1957 António Barata abriu a Livraria Barata na Avenida de Roma, que de imediato se tornou num ponto de encontro de pessoas indispensável na cidade de Lisboa. O seu fundador orientou sempre a Livraria para que fosse um espaço de divulgação cultural e de liberdade de pensamento. Valores esses difíceis de defender pelas detenções e tortura a que foi sujeito. No seu percurso a Livraria Barata, participa na construção da Editorial Presença. À época são reconhecidas as competências da sua missão. Os anos 90 foram assinalados pelo crescimento 1990 a 2003. A convite de várias entidades, que procuram desenvolver os seus polos culturais e serviços, levam a que a Barata aceite os desafios propostos, e se posicione noutros locais e estruturas. Ao longo destes 60 anos, a Livraria Barata foi reconhecida pelo papel que desempenhou na divulgação de ideias e cultura. Hoje e amanhã pretende-se que os valores e a orientação humanista se mantenham e os desafios, mudanças de paradigma se enfrentem. No início da pandemja, em 2020, o vereador do BE da Câmara de Lisboa alertava a autarquia para as "graves dificuldades financeiras" da livraria Barata, questionando que ações previa para responder "à possível falência de uma das lojas mais emblemática" da Avenida de Roma. O piso revestido de calçada portuguesa é um orgulho para José Rodrigues. Mas não o único. O diretor da Livraria Barata também se orgulha da história de um dos marcos da resistência cultural portuguesa nos anos da ditadura, a então pequena loja na avenida de Roma, ponto de encontro de intelectuais e conspiradores. Ousadia que custou a liberdade ao seu fundador, António Barata, preso e torturado pelo opressor e violento regime, que combateu com a leveza do papel e a força das palavras. Um homem que José Rodrigues conheceu muito bem. Depois das dificuldades em 2020, a Livraria Barata conseguiu manter-se em operação graças à mobilização dos antigos clientes. Uma recuperação que ganhou força em 2021 com o apoio da Câmara de Lisboa e novas parcerias, entre elas com a FNAC, garantindo sustentabilidade para que não se veja mais ninguém a chorar no balcão. As pedras, assim como o pavimento no subsolo, calçada portuguesa no interior da livraria, fizeram parte da primeira grande expansão da Barata, em 1986, ampliando-a para além dos limites de quando o fundador acolhia os conspiradores nos cinzentos anos da ditadura. A nova fase da livraria já ocorreu com José e a herdeira do fundador, Elsa Barata, no comando, após a morte de António Barata, em 1983. O desaparecimento do homem que desafiou com os livros a ditadura e o fim da opressão pós-25 de Abril não impediu que a constelação de políticos continuasse a gravitar na órbita da Barata. Presidentes, primeiros-ministros, eleitores e leitores seduzidos pela arquitetura, inspirada nas livrarias de Paris, pontuada por uma galeria de arte que dividia o espaço com os últimos lançamentos. “Naquela época, conseguíamos importar livros de França e Inglaterra e as novidades literárias chegavam primeiro aqui”, explica. Foi nessa mesma bela-época que o grande incêndio no Chiado em 1988 redirecionou o norte da vida cultura lisboeta para os lados da avenida de Roma. Com o vento a soprar a favor, a Barata viveu uma nova expansão, abrindo lojas em diversos polos universitários por Lisboa, uma filial em Campo de Ourique e outra em Évora. O passado de resistência que havia levado a um presente de prestígio apontava para um futuro ainda mais próspero. Mas como nos livros nas suas estantes, o enredo da livraria também teve seus altos e baixos. “A partir de 2007, fomos obrigados a fazer uma marcha-atrás”, explica José, o semblante novamente assumindo um ar grave. Uma marcha-atrás que também conta um pouco da história do setor livreiro em Portugal. A possibilidade de aceder a títulos estrangeiros através de um premir de botão desarticulou uma das mais-valias da livraria para atrair os seus clientes, os livros importados. E pior: ocupou o espaço, não só da Barata, mas de todas as lojas físicas, como intermediário de edições nacionais que não estavam nas estantes. O início do século também viu a alteração no padrão de consumo dos lisboetas, atraídos pelos recém-inaugurados centros comerciais, o Colombo, em 1997, e o Vasco da Gama, dois anos depois. “As grandes superfícies retiraram os clientes das ruas e alteraram o cenário não só da Barata, mas de toda Avenida de Roma”, diz.

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